segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

MACHISMO: Pesquisa mostra desinformação e preconceito entre jovens de 18 a 29 anos

Há pouca informação sobre as vertentes do movimento feminista e sobre seus posicionamentos em relação aos conceitos e direitos em disputa. Essa ausência de informação é agravada por movimentos neofeministas e pós-feministas, que muitas vezes defendem uma limitação de direitos em nome das mulheres


Por Cynthia Semíramis - 8/11/2012

É bastante frequente a divulgação na mídia de novos grupos ativistas que supostamente reinventaram a causa. Normalmente se declaram neo ou pós, acrescido do nome do movimento, ou então são nomeados assim por jornalistas para trazer ares de novidade à matéria.
Diferenciar-se do antigo, reinventar nomes e classificações, é uma estratégia de divulgação que pode ser interessante para o grupo se destacar e receber atenção e novas filiações. Afinal, acreditam, é melhor ser visto como alguém que faz algo inovador do que ser mais um na multidão que segue a linha antiga. Porém, esse tipo de rotulação, na maioria das vezes, esconde questões políticas e ideológicas que podem ser mais conservadoras e arbitrárias do que as do movimento do qual tentam se desvincular.
Especialmente em relação ao feminismo isso ocorre com frequência. É bastante comum que novos grupos feministas sejam divulgados como neofeministas ou pós-feministas, mas essa classificação não sobrevive quando se analisam suas práticas e quais direitos defendem. Pode ocorrer de suas ideias já se encaixarem nas vertentes teóricas feministas existentes, havendo apenas uma mudança no método de atuação. Também é possível que suas ideias sejam na verdade um machismo disfarçado, regulando e limitando a vida das mulheres.
Nem todo movimento de mulheres é feminista
A primeira observação a ser feita quando se fala de feminismo é que nem todo movimento de mulheres é feminista. Elas podem se associar para lutar por uma causa em comum que nada tem a ver com mulheres, ou que não interfira nos direitos das mulheres. Mulheres que lutam contra a carestia/inflação (como as fiscais do Sarney na década de 1980) não estão lutando pelos direitos das mulheres. Poderiam questionar por que a responsabilidade por alimentar a família é somente da mulher, mas não o fizeram: sua luta é por uma mudança que interfere em seu cotidiano, sem questionar seu papel na sociedade.
Há também os movimentos antifeministas, que procuram restringir os direitos das mulheres, como é o caso das militantes contra o aborto ou contra a prostituição. Também é o caso dos grupos que defendem que as mulheres têm o direito de votar, mas que não devem se candidatar porque o seu papel na sociedade é ser mãe e rainha do lar – e qualquer atuação política significaria a negação de sua feminilidade. É bastante comum que esses movimentos, normalmente vinculados a setores de direita, se intitulem feministas (porque falam de direitos das mulheres) ou neofeministas (porque pregam um “feminismo” de retorno aos papéis tradicionais). Mas são movimentos antifeministas porque não respeitam a vontade das mulheres, procurando cercear seus direitos e sua liberdade de escolher o que é melhor para suas vidas.