terça-feira, 17 de dezembro de 2013

"O CAÇA ÀS MULATAS NA GLOBO"

A gente não se vê na Globo! O “caça às mulatas” e a luta feminista

sheron menezzes e candidatas
Na foto, as bundas das mulheres negras expostas como produtos em prateleira de supermercado. Para completar a crueldade racista, Sheron Menezzes, uma das poucas atrizes negras da Globo, foi a apresentadora do concurso. Fonte: Instagram.
Por: Anaíra Lobo, Gabriela Silva e Maíra Guedes*
A mídia brasileira desempenha papel fundamental na manutenção do racismo e do machismo. Nas últimas três semanas, as mulheres negras ocuparam o horário nobre na TV aos domingos (o que não é nada comum), enquanto a Rede Globo realizava sua “caça às mulatas” para eleger a nova Globeleza. Não, isso não é fantástico.
O corpo das mulheres negras é constantemente hipersexualizado nas TVs: seja nas propagandas, nas novelas, nos programas de esporte ou de auditório. A mercantilização da nossa sexualidade é naturalizada para que as mulheres sejam cada vez mais exploradas. Nesse concurso, tentam mais uma vez nos afirmar como coisas, objetos sexuais, sendo assim, nulas de vontade, nascidas para atender ao desejo masculino. Um lucrativo produto vendido nas propagandas, no Carnaval, nas Copas do Mundo e esquinas das avenidas.
A luta das mulheres contra a opressão e a exploração e pela liberdade é histórica e cotidiana. Ao falarmos da formação social e econômica do Brasil, falamos de uma história de resistência e enfrentamento de mulheres indígenas e negras contra um sistema que estuprou, explorou e destruiu muitos povos. Para as mulheres negras, que vieram na condição de escravizadas, inferiores e subalternas, eram reservados três destinos: escrava sexual, reprodução de mão de obra e exploração da força de trabalho. Além disso, a cultura, a beleza e identidade do povo negro e indígena foram negadas, destruídas e criminalizadas. Estamos falando de um sistema de dominação que tem no cerne da sua estrutura o racismo e o patriarcado – anteriores ao capitalismo mas muito bem apropriados por ele – e que tem como um dos principais agentes de manutenção os meios de comunicação hegemônicos.
A mercantilização do corpo das mulheres é representado pela grande mídia como valorização. O concurso para eleger a nova Globeleza foi um desses momentos em que se afirmou em rede nacional: “Viram como não somo racistas? Estamos aqui cultuando esse lindos corpos negros”. Eles querem que vejamos a exploração dos nossos corpos como um elogio. Para nós, não é elogio, é exotificação. Quando não somos objetos sexuais ideais, tornamo-nos as indesejáveis, por vezes tratadas como feias e nojentas. Nossos corpos sofrem ojeriza quando não estamos enquadradas no papel de “mulata” sensual e provocante, ou então, o lugar que nos cabe é permanecer como empregadas domésticas, a serviço dos patrões no quartinho dos fundos, senzala do século 21.
A Globo, com seu discurso mentiroso de inclusão, atua na lógica da omissão e naturalização da violência sistêmica que recai sobre o povo negro, sendo vetor principal da criminalização e extermínio da juventude negra, da invisibilização do trabalho doméstico e da culpabilização da mulher pela violência sofrida. Quem ganha com tudo isso? Certamente não é a classe trabalhadora.
A Globeleza é mais uma vez a reprodução de um lugar e de um papel que só acumulam para a burguesia. Não é assim que queremos nos ver na televisão! A Globeleza não representa os anseios das mulheres negras, trabalhadoras e lutadoras. A Globeleza não é a afirmação da identidade, nem da cultura e muito menos da beleza do povo negro. Nós identificamos e apontamos a Rede Globo e suas filiais como inimigas das mulheres e instrumento da classe dominante patriarcal e racista. Não é demais lembrar que o império das telecomunicações da família Marinho – aqui na Bahia da família Magalhães, no Maranhão da família Sarney, e por aí vai – foram construídos principalmente na ditadura militar, roubando o dinheiro do povo brasileiro e derramando o sangue de lutadoras e lutadores.
Compreendemos que para desmontar e destruir esse sistema de exploração, a democratização dos meios de comunicação é questão estratégica e fundamental. Queremos que as trabalhadoras  possam pensar e produzir seus próprios meios de comunicação. Só assim seremos de fato representadas. Seguiremos em marcha lutando contra a mercantilização dos nossos corpos e vidas! Nossa resistência é a reação!
Pela democratização dos meios de comunicação! O mundo não é mercadoria, as mulheres também não!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Dia da Não Violência contra a Mulher.

A presidenta Dilma Rousseff lembrou a data criada pela ONU que marca o combate à violência de gênero em todo o mundo. O Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher faz homenagem a três irmãs da República Dominicana que foram brutalmente assassinadas em 1961 pelas forças opressoras da ditadura daquele país.
Confira o site especial com a campanha de enfrentamento à violência contra a mulher
"A violência contra a mulher envergonha uma sociedade que, infelizmente, ainda é sexista e preconceituosa. É uma forma de preconceito do 'mais forte' contra a mulher apenas pelo fato de ser mulher. Graças às lutas das mulheres, o Brasil está mudando. A Lei Maria da Penha foi o alicerce do combate à violência contra as mulheres", escreveu em seu perfil no Twitter a presidenta Dilma.
Além da legislação específica, Dilma destacou o programa Casas da Mulher, criado e implementado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres: "As Casas da Mulher são o caminho para garantir um combate permanente e sistemático a essa violência. Nessas Casas estarão os serviços para o atendimento à mulher, com delegacia (especializada), judiciário, defensoria pública, Ministério Público e atendimento psicossocial. Combater à violência contra a mulher é condição para uma Nação mais justa, cidadã e igualitária".
Dia da Não Violência contra a Mulher
O dia 25 de novembro ficou mundialmente conhecido como o “Dia da Não Violência contra a Mulher”.  A data homenageia três irmãs ativistas, Pátria, Minerva e Maria Teresa Mibal, que foram brutalmente assassinadas, em 1961, pela ditadura de Leonidas Trujilo (1930-1961), na República Dominicana.
As “Las Mariposas”, codinome utilizado em atividades clandestinas, lutavam pela melhoria das condições de seu país, principalmente, em questões de direitos humanos. As irmãs também acreditavam que o ditador levaria o país ao caos econômico e, então, formaram um grupo de oposição ao regime. Elas foram ousadas e enfrentaram a ditadura considerada uma das mais violentas da América Latina.
As ativistas foram perseguidas pelo governo, torturadas e presas juntamente com seus maridos. Pressionado pela população que havia se comovido com a história das irmãs, o ditador acabou por libertá-las. No entanto, a ação fazia parte de um plano de Leonidas, que após a saída das irmãs da cadeia, simulou um acidente automobilístico matando-as quando as três iam visitar seus maridos no cárcere. Os corpos das ativistas foram encontrados no fundo de um precipício, estranguladas e com ossos quebrados.

Na época, o assassinado comoveu os dominicanos que ficaram mais inclinados em apoiar os ideais apresentados pelas três irmãs. Seis meses depois, em 30 de maio de 1961, Leonidas Trujilo foi assassinado a tiros em uma estrada deserta, encerrando 31 anos de sua ditadura.
Oficialização
Em 1981, organizações de mulheres de todo o mundo reunidas em Bogotá, na Colômbia, oficializaram o dia 25 de novembro como o “Dia Latino Americano da Não Violência Contra a Mulher”. Alguns anos depois, em 1999, a data foi reconhecida mundialmente pela Organização das Nações Unidas (ONU), a fim de estimular governos e sociedade civil organizada nacionais e internacionais realizem eventos anuais como necessidade de extinguir com a violência que destrói a vida de mulheres considerado um dos grandes desafios na área dos direitos humanos.
Fonte:
Portal Brasil

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

CIDADANIA SE CONSTROE COM IGUALDADE.

MULHERES NAS RUAS: CIDADANIA SE CONSTROI COM IGUALDADE
A cidade de São Paulo, como a maioria das grandes cidades brasileiras, é organizada e planejada com uma visão de desenvolvimento em que predomina a lógica capitalista de circulação de mercadorias e facilidades para a reprodução do capital. Os interesses privados prevalecem em detrimento dos interesses públicos e, atualmente, a cidade está marcada pela especulação imobiliária e pela segregação da população de baixa renda.
A divisão entre o público e o privado e a manutenção da divisão sexual do trabalho ainda é uma das marcas mais resistentes na construção das desigualdades entre homens e mulheres na cidade. Além disso, a vida na cidade não é somente vivida de forma desigual em função do gênero, mas também em função da renda e raça/etnia. Segundo o último censo de 2010, as mulheres aumentaram sua participação no emprego formal para 43%, embora os homens continuem sendo a maioria em todos os setores da economia. Os salários das mulheres ainda são menores do que os dos homens e as mulheres negras ainda continuam no nível mais baixo da escala de salários.
As mulheres são a maioria das pessoas em São Paulo (52,7%) e são as principais responsáveis pelo trabalho de reprodução da vida. A jornada semanal média de trabalho doméstico das brasileiras é de 29h21min. A jornada de trabalho declarada pelos homens é de 8h46min (ou 6h15min, segundo relato das mulheres). Podemos afirmar que as mulheres ocupam maior parte do tempo trabalhando, seja no mercado ou na casa, falta tempo para o lazer, para o estudo ou para ocupar-se de si. São elas as principais preocupadas pela manutenção da casa, comida, do cuidado com as crianças e idosos, e da produção cotidiana do viver dos homens que atuam no espaço público da cidade. Exatamente por isso, são as mais afetadas pela precariedade dos serviços públicos como saúde, falta de creche, asfaltamento, saneamento básico, água, iluminação pública, transporte e outras políticas de lazer e cultura, o que gera uma sobrecarga de trabalho para as mulheres.
O planejamento urbano da cidade deve ter uma preocupação central com as mulheres, que são a maioria da população. Outro aspecto significante é a
segregação por cor/raça. As mulheres negras estão nas regiões mais distantes em relação ao centro e em regiões onde a infra-estrutura é mais deficiente. Por outro lado, nas regiões centrais se concentra maior número de pessoas idosas.
Pensar a qualidade de vida e bem estar das mulheres não é possível sem superarmos as condições estruturais que facilitam, naturalizam e reproduzem a violência contra a mulher, seja a violência doméstica, sexual, assédios e todas as formas que discriminam, subordinam, coagem, impedem o ir e vir e controlam o comportamento das mulheres. Os ônibus e metrôs lotados facilitam o assédio sexual, estupros e roubos. As ruas mal iluminadas, os terrenos baldios, as estações de metrô e trem sem segurança e os ponto de ônibus em lugares afastados provocam medo e facilitam a violência sexual.
Por isso, precisamos de uma cidade que proporcione qualidade de vida e bem estar também para as mulheres, com serviços públicos humanizados gratuitos para tod@s, segurança e mobilidade, com calçadas amplas e sem buracos, transporte público de qualidade 24h, política de ciclovias, mais iluminação nas ruas, eficiência nos serviços de saúde e maior vigilância do poder público com a violência contra as mulheres: implementação da Lei Maria da Penha e outras medidas de coerção à violência praticada contra mulheres nos espaços públicos e privados.
Participe nas audiências do plano diretor na sua subprefeitura, mulher que participa decide os rumos da cidade. Somente com uma cidade inclusiva, que proporcione a igualdade entre as cidadãs e cidadãos construiremos a verdadeira cidadania. Para que também as mulheres possam usufruir do direito que têm de ir e vir e o direito que tem à própria cidade!
Marcha Mundial das Mulheres – Marchamulheres@sof.org.br
UBM-Uniao Brasileira de mulheres-ubm@uol.com.br
CMB-Confederaçao das Mulheres do Brasil- presidenciacmb@terra.com.br
MOSCA-Movimento Social Cidadania Ativa

EXPO- ARTE FEMINISTA SERÁ INAUGURADA NESTE DOMINGO EM SP.

Expo-arte feminista será inaugurada neste domingo em SP

Católicas pelo Direito de Decidir lançam neste domingo (15) a Expo-Arte Feminista pelo Fim da Violência contra a Mulher. Sete mulheres jovens artistas foram convidadas por Católicas para criar livremente obras que expressassem o que veem e sentem em relação aos diversos tipos de violências contra as mulheres. A ação faz parte da campanha internacional 16 dias de ativismo, uma das mais simbólicas para o calendário feminista em todo o mundo.
Em ordem alfabética: Ana Clara Marques da G.R.i.F Maçãs Podres grafitou as telas ‘A liberdade é negra’ e ‘O beijo de Camille Claudel’; Bia Tiso produziu em madeira a peça ‘Kit Voodu Escracho’; Fernanda Ozilak desenhou o quadrinho ‘Injustiças que eu sofre simplesmente por ser mulher’; Fernanda Sunega produziu a tela ‘Paz e luta’; Negahamburguer ilustrou em papel paraná a obra ‘Não me falta nada’;  e Sista K criou a obra ‘Santa paciência’. As obras  foram publicadas durante os 16 dias de ativismo nos perfis de Católicas nas redes sociais, gerando muita interação, principalmente com o público jovem.
As obras serão vendidas a partir de R$ 50 e todas ficarão expostas até 20 de dezembro no Espaço Cultural Walden. O recurso arrecadado no leilão será destinado às próprias artistas, pois Católicas entende que a valorização do trabalho das mulheres faz parte do processo de construção de seu empoderamento e autonomia.
O lançamento contará com a performance de Joanah Dark da Marcha das Vadias Guarulhos que abordará a agressão sofrida pelas jovens por policiais militares na marcha deste ano, e também com a discotecagem de Maiara Moreira da FanPage O Machismo Nosso de Cada Dia.
Esperamos por vocês!

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

São Paulo ganhará primeira Casa de Passagem para mulheres em situação de violência

Local poderá receber até cinco famílias simultaneamente, orientadas por equipes multidisciplinares capacitadas para acolher, de forma imediata, mulheres em situação de violência. O anúncio do novo equipamento acontece nesta sexta-feira (6), às 10h, na Prefeitura
 Em parceria com o governo federal, a cidade de São Paulo ganhará a primeira Casa de Passagem para mulheres em situação de violência. O anúncio da chegada do novo equipamento acontecerá nesta sexta-feira (6), às 10h, na Sede da Prefeitura, durante o ato ‘São Paulo não tolera violência’, que faz parte da campanha ‘16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher’. Participarão do evento a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Eleonora Menicucci, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e a primeira-dama do município, Ana Estela Haddad.

A Casa de Passagem poderá receber até cinco famílias simultaneamente, orientadas por equipes multidisciplinares capacitadas para o acolhimento. Durante a solenidade, será assinado ainda um termo de convênio entre a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres e a Secretaria Municipal de Segurança Urbana para capacitar a Guarda Civil Metropolitana (GCM) na temática de gênero. O objetivo é fornecer subsídios para que os agentes saibam reconhecer o crime de violência doméstica tipificado pela Lei Maria da Penha e sejam capazes de fornecer orientações qualificadas às vítimas no seu dia a dia.
Dados da Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) apontam que no período de janeiro a outubro de 2011, o Estado de São Paulo totalizou 77.189 ocorrências, - um terço do total dos números do serviço. Levando em conta a população do estado, São Paulo ocupa a 26ª posição em taxas de homicídio de mulheres, segundo levantamento realizado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela).
Em agosto, a Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres já havia aderido ao Programa ‘Mulher, Viver sem Violência’, coordenado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, que visa a integrar os serviços públicos de atenção às mulheres em situação de violência, dando atendimento humanizado e acesso à Lei Maria da Penha. O programa prevê a construção da Casa da Mulher Brasileira na cidade, que reunirá no mesmo espaço, delegacia, juizado especial, Ministério Público, Defensoria Pública, abrigamento temporário, atendimento psicossocial, espaço de convivência para a mulher, sala de capacitação e orientação para o trabalho, emprego e renda e brinquedoteca.
Secretaria
A Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres foi criada em maio de 2013 e tem como objetivo formular, coordenar e executar políticas e diretrizes, além de atuar nos programas de governo para a promoção dos direitos das mulheres, eliminando as discriminações, bem como sua plena integração social, política e econômica. Atualmente, sob a gestão da SMPM existem de três Centros de Referência da Mulher (CRM), cinco Centros de Cidadania da Mulher (CCM) e uma Casa Abrigo.
Campanha
Realizada simultaneamente em 130 países, a campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher” é um período de ações dirigidas a um maior compromisso social para prevenir, punir e erradicar a violência contra mulheres e meninas. Em São Paulo, a campanha é promovida pela Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres nos equipamentos da Prefeitura e também em parceria com instituições, movimentos sociais e feministas.
Serviço - Ato ‘São Paulo não tolera violência’
Data: 6/12 (sexta-feira)
Horário: 10h
Local: Sede da Prefeitura
Endereço: Viaduto do Chá, 15 – 7º andar

No tempo da minha infância (Ismael Gaião)

No tempo da minha infância
Nossa vida era normal

Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal

Bebi leite ao natural
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria

A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade
A vida ficou sem graça
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade

Eu comi ovo à vontade
Sem ter contra indicação
Pois o tal colesterol
Pra mim nunca foi vilão
Hoje a vida é uma loucura
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração

Com a modernização
Quase tudo é proibido
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido
Fazendo tudo que eu fiz
Hoje me sinto feliz
Só por ter sobrevivido

Eu nunca fui impedido
De poder me divertir
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir

Vi o meu pai dirigir
Numa total confiança
Sem apoio, sem air-bag
Sem cinto de segurança
E eu no banco de trás
Solto, igualzinho aos demais
Fazia a maior festança

No meu tempo de criança
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado

Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia
E a hiperatividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria

Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira
De uma fonte natural
Ou até de uma mangueira
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira

Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado
Ter alguns dentes partidos
Ou um joelho arranhado
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado

Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos

Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras

Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cawboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão

Eu cantei Cai, Cai Balão,
Palma é palma, Pé é pé
Gata Pintada, Esta Rua
Pai Francisco e De Marré
Também cantei Tororó
Brinquei de Escravos de Jó
E o Sapo não lava o pé

Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar
Peixe nenhum eu pagava
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar

Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão

Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha vídeo cassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia

O meu cachorro comia
O resto do nosso almoço
Não existia ração
Nem brinquedo feito osso
E para as pulgas matar
Nunca vi ninguém botar
Um colar no seu pescoço

E ele achava um colosso
Tomar banho de mangueira
Ou numa
água bem fria

Debaixo duma torneira
E a gente fazia farra
Usando sabão em barra
Pra tirar sua sujeira

Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Mamãe não se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar

Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade
Pois o meu pai me mostrava
Que pra ter dignidade
O trabalho era importante
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade

Mas hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança

A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez.





quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Faltando 800 dias para prazo das metas do milênio, ONU pede aceleração no cumprimento dos objetivos

objetivos-do-milenio_gg

Faltando 800 dias para prazo das metas do milênio, ONU pede aceleração no cumprimento dos objetivos

 
 
 
 
 
 
i
 
Rate This
Quantcast

objetivos-do-milenio_gg
Escrito por  Thais Mendes Iannarelli
Com pouco mais de 800 dias para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se reuniu na sede da ONU com chefes de Estado e representantes de empresas, sociedade civil e organizações de ajuda humanitária para pedir um impulso final para as metas.
Os ODM foram estabelecidos por líderes mundiais em 2000. Buscam reduzir a pobreza extrema e a fome, garantir o acesso aos cuidados de saúde universais e educação, igualdade de gênero, reduzir a mortalidade materna e a infantil, garantir a sustentabilidade ambiental, reduzir o HIV/aids e estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento, todos os objetivos com prazo até o final de 2015. “Esta experiência ousada ajudou a alcançar um dos maiores níveis de bem-estar humano que o mundo já viu. Treze anos depois, tenho o prazer de informar que o sucesso em muitas áreas e em muitos países está ao nosso alcance. A pobreza caiu, a saúde começou a melhorar e a alfabetização aumentou. O que parecia para alguns fantasioso e ingênuo se tornou possível.” No entanto, Ban reconheceu que o progresso dos oito ODM permanece incompleto.
Durante o encontro “Sucesso dos ODM: Acelerando a Ação e Parceria para o Impacto” em Nova York, nos Estados Unidos, foi anunciado um financiamento de quase 800 milhões de dólares para as metas.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Repartir o poder para mudar a sociedade: plebiscito já!

Por Camila Paula
No dia 15 de novembro, a batucada feminista adentrou o auditório central da Universidade Católica de Brasília no lançamento oficial do plebiscito popular por uma constituinte exclusiva e soberana para a reforma do sistema político do país.
Em junho deste ano, como resposta às manifestações nas ruas, Dilma Rousseff propôs a convocação de uma constituinte para debater a reforma política, coisa que a direita rebateu sem medir esforços e, no momento, a esquerda fragmentada não teve força para replicar à presidenta. Porém, junto aos mais de 100 movimentos sociais que estão encampando o plebiscito, a Marcha Mundial das Mulheres acredita que é preciso democratizar a participação da sociedade, em especial das mulheres, na política.
bsb
Mais do que coletar votos para a pergunta: “Você é a favor de uma constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político?” entre os dias 1 a 7 de setembro de 2014, o desafio é de fazer da preparação do plebiscito uma ação pedagógica, trabalho de base, em que se possa pautar e debater temas fundamentais para a construção do país que queremos.
Após o lançamento, foi realizada uma plenária de mulheres para discutir a reforma política com olhar feminista a fim de construir um Brasil para todos e para todas. Para isso, queremos desde agora, na construção de nossas práticas cotidianas desse processo já começar a experimentar o que nós propomos nesta reforma política como, por exemplo, a paridade já no curso de formação para formadores do plebiscito com participação de 50% de homens e 50% de mulheres.
Estamos espalhadas em todos os estados, organizadas nos espaços de discussão e construção do plebiscito porque não se faz reforma política sem um projeto feminista popular. Vamos pra luta, mulherada!

Mas o que vem a ser esse plebiscito e uma constituinte exclusiva e soberana?
O plebiscito é a convocação dos cidadãos e cidadãs que, através do voto, podem aprovar ou rejeitar uma questão importante para o país. O plebiscito popular é uma forma democrática de consulta popular, antes de uma lei ser promulgada.
O avanço neoliberal nos anos noventa uniu vários movimentos de esquerda em plebiscitos na defensiva contra a ALCA, contra a privatização da Vale, por exemplo, e cabe a estes movimentos sociais uma retomada, desta vez, de ofensiva nas conquistas populares propondo uma reforma política que provoque verdadeiras mudanças na nossa sociedade.
A Constituição brasileira vigente no Brasil é de 1988 e ainda preserva muitas instituições criadas ou aprofundadas pelo regime militar – a polícia militarizada, a manutenção da estrutura fundiária, o pagamento da dívida pública – e está muito aquém das necessidades do povo brasileiro.
Uma constituinte exclusiva e soberana é a realização de uma assembleia de representantes eleitos exclusivamente para a Constituinte pelo povo para modificar a economia e a política do país – na questão da pouca representatividade popular – e (re)definir o funcionamento do Estado na saúde, educação, mobilidade urbana, reforma agrária e urbana, democratização dos meios de comunicação, reestatização das empresas privatizadas.
plebiscito constituinte
Como estamos e o que queremos?
Nosso sistema político serve para atender aos interesses das elites políticas, econômicas, sociais e culturais. Queremos o interesse público acima do privado. Para isto, a reforma não pode se restringir às mudanças eleitorais, mas, garantir leis e mecanismos de maior participação popular nas decisões políticas. Assim, devemos trabalhar por um aperfeiçoamento do sistema eleitoral e fortalecimento da democracia direta e participativa com controle social.
De acordo com dados do DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), dos 549 parlamentares (513 deputados e 81 senadores), 273 são empresários, 160 compõem a bancada ruralista, 66 são da bancada evangélica e apenas 91 são da bancada sindical e representação de trabalhadores e trabalhadoras que mesmo sendo a maioria da população, não é maioria no parlamento.
A imposição do poder econômico, oportunismo eleitoral e a sub-representação de gênero e de raça impedem diretamente maior representatividade democrática e mudanças estruturais. Então, o financiamento público de campanha, o sistema de votação, mecanismos para aumentar a transparência da aplicação dos recursos públicos e o fortalecimento da democracia direta através de plebiscitos, referendos e projetos de iniciativa popular para que o poder seja para o povo em oposição ao Estado mínimo neoliberal são propostas para a nova constituinte.
O sistema eleitoral do Brasil é o de representação proporcional baseado em listas de partidos. Estas listas podem ser abertas ou fechadas. A lista aberta é o sistema utilizado no Brasil nas eleições proporcionais (deputados e vereadores).  Nesse sistema, o eleitor tem a possibilidade de votar em seu candidato preferido ou na legenda do partido. Essa votação nominal e não em um programa partidário faz com que a disputa seja em torno de projetos individuais e não coletivos.
O financiamento privado de campanha beneficia somente aqueles que são ou compactuam com a elite que patrocina homens, héteros, brancos, empresários e latifundiários que não representam e não resguardam os interesses do povo. A proposta do financiamento público serve para enfrentar o poder do dinheiro e do patriarcado racista e homofóbico.
Hoje, mais da metade da população brasileira é de mulheres que ocupam apenas 9% dos mandatos na câmara dos deputados e 12% no senado. Da mesma forma, 51% da população brasileira se declara negra e menos da metade das unidades federativas tem representantes negros na câmara. Sem falar que a população indígena não possui nenhuma representação no Congresso Nacional.
Por isto, vemos no processo do plebiscito uma boa oportunidade para radicalizar a democracia e participação popular que não é possível sem colocar a questão da paridade de gênero e de debater nossas pautas com relação à divisão sexual do trabalho, saúde e autonomia da mulher dentro da própria esquerda e na sociedade, de um modo geral. São muitos os desafios, mas não vamos abrir mão de um projeto feminista, classista, anti-homofóbico e anti-racista.
bsb 2

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Reunião da Marcha Mundial das Mulheres no Espirito Santo

*Por Luciana Girelli
As mulheres capixabas contam agora com mais uma organização feminista para se somar no combate à violência contra a mulher. O Espírito Santo, estado com a maior taxa de mortes de mulheres em razão da violência doméstica no Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), iniciou a construção da Marcha Mundial de Mulheres desde o dia 21 de outubro.
mmmes
Reunião da MMM no Espírito Santo
São mulheres sindicalistas, servidoras públicas, professoras, estudantes e jovens que integram o primeiro núcleo da MMM no Espírito Santo. “Há algum tempo nos reuníamos em coletivos de mulheres de nossas organizações. Porém, percebemos a necessidade de nos fortalecermos no movimento feminista auto-organizado. Sob o slogan ‘Não mexe comigo que eu não ando só’, decidimos construir a Marcha Mundial de Mulheres no Estado”, afirmou a professora e integrante da MMM – ES, Úrsula Rola.
De acordo com a Diretora do Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos do Espírito Santo (Sindipúblicos), Lucia Helena Costa, a participação no 9º Encontro Internacional da Marcha foi fundamental para a consolidação do movimento no Estado. “Participamos da atividade em São Paulo e descobrimos o quanto as mulheres possuem desafios comuns. Sentimos que poderíamos fortalecer essa luta e na primeira oportunidade trouxemos uma companheira da Marcha para contribuir conosco no debate”, disse Lucia.
O Sindicato do qual Lucia faz parte realizou um seminário sobre a importância das creches para a autonomia das mulheres, que contou com a participação da companheira Maíra Guedes, da MMM de Salvador. No mesmo dia dessa atividade, ocorreu uma apresentação da Marcha para diversas mulheres e a partir daí iniciaram-se as atividades do movimento.
“Nossa primeira ação, em conjunto com outros movimentos feministas, ocorrerá no dia 25 de novembro. Iremos abordar a violência do Estado contra as mulheres, na medida em que não garante a efetividade de políticas públicas essenciais, como o direito à creche. Também iremos denunciar o fato de o Espírito Santo ser o primeiro Estado do país no ranking de homicídios contra mulheres”, informou Úrsula.
*Luciana Girelli é militante da Marcha Mundial das Mulheres no Espírito Santo.

“Violência contra jovens negros e violência contra a mulher negra

Simone Cruz e Richarlis Martins mostraram a “Violência contra jovens negros e violência contra a mulher negra”. Violência pode ser definida como um comportamento que causa dano a outra pessoa, mas pode ser caracterizada em diversos tipos. O racismo, mesmo com o mito da democracia racial, ainda persiste na hierarquização entre brancos e negros.

A III Conferência das Nações Unidas contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as Intolerâncias Correlatas, realizada em Durban, na África do Sul em 2001 foi marcada por debates polêmicos em torno da discriminação. Nesta Conferência, foram discutidas as origens e causas do racismo, da discriminação racial e xenofobia e foi feito um chamado para ações concretas para erradicar todos esses males. Como resultado, os representantes dos países presentes redigiram uma Declaração e uma Plataforma de Ação, documento no qual foram enfocadas medidas para prevenção, educação e proteção no âmbito nacional e uma série de medidas em nível internacional.   

Apesar disso, os avanços de Durban não têm ajudado na redução da violência contra mulheres negras. Aqui no Brasil houve um crescimento de pessoas declaradas pretas e pardas, mas  população negra ainda sofre com ausência de políticas públicas que dê conta da discriminação  e desigualdades. Um dos avanços no país foi o Estatuto da Igualdade Racial, um conjunto de regras e princípios jurídicos que visam coibir a discriminação racial e estabelecer políticas para diminuir a desigualdade social existente entre os diferentes grupos raciais.

Simone Cruz e Richarles fecharam o debate reforçando a ideia de que a vulnerabilidades das mulheres negras precisa ser enfrentada a todo momento.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

MACHISMO: Pesquisa mostra desinformação e preconceito entre jovens de 18 a 29 anos

Há pouca informação sobre as vertentes do movimento feminista e sobre seus posicionamentos em relação aos conceitos e direitos em disputa. Essa ausência de informação é agravada por movimentos neofeministas e pós-feministas, que muitas vezes defendem uma limitação de direitos em nome das mulheres


Por Cynthia Semíramis - 8/11/2012

É bastante frequente a divulgação na mídia de novos grupos ativistas que supostamente reinventaram a causa. Normalmente se declaram neo ou pós, acrescido do nome do movimento, ou então são nomeados assim por jornalistas para trazer ares de novidade à matéria.
Diferenciar-se do antigo, reinventar nomes e classificações, é uma estratégia de divulgação que pode ser interessante para o grupo se destacar e receber atenção e novas filiações. Afinal, acreditam, é melhor ser visto como alguém que faz algo inovador do que ser mais um na multidão que segue a linha antiga. Porém, esse tipo de rotulação, na maioria das vezes, esconde questões políticas e ideológicas que podem ser mais conservadoras e arbitrárias do que as do movimento do qual tentam se desvincular.
Especialmente em relação ao feminismo isso ocorre com frequência. É bastante comum que novos grupos feministas sejam divulgados como neofeministas ou pós-feministas, mas essa classificação não sobrevive quando se analisam suas práticas e quais direitos defendem. Pode ocorrer de suas ideias já se encaixarem nas vertentes teóricas feministas existentes, havendo apenas uma mudança no método de atuação. Também é possível que suas ideias sejam na verdade um machismo disfarçado, regulando e limitando a vida das mulheres.
Nem todo movimento de mulheres é feminista
A primeira observação a ser feita quando se fala de feminismo é que nem todo movimento de mulheres é feminista. Elas podem se associar para lutar por uma causa em comum que nada tem a ver com mulheres, ou que não interfira nos direitos das mulheres. Mulheres que lutam contra a carestia/inflação (como as fiscais do Sarney na década de 1980) não estão lutando pelos direitos das mulheres. Poderiam questionar por que a responsabilidade por alimentar a família é somente da mulher, mas não o fizeram: sua luta é por uma mudança que interfere em seu cotidiano, sem questionar seu papel na sociedade.
Há também os movimentos antifeministas, que procuram restringir os direitos das mulheres, como é o caso das militantes contra o aborto ou contra a prostituição. Também é o caso dos grupos que defendem que as mulheres têm o direito de votar, mas que não devem se candidatar porque o seu papel na sociedade é ser mãe e rainha do lar – e qualquer atuação política significaria a negação de sua feminilidade. É bastante comum que esses movimentos, normalmente vinculados a setores de direita, se intitulem feministas (porque falam de direitos das mulheres) ou neofeministas (porque pregam um “feminismo” de retorno aos papéis tradicionais). Mas são movimentos antifeministas porque não respeitam a vontade das mulheres, procurando cercear seus direitos e sua liberdade de escolher o que é melhor para suas vidas.

Univercidade Feminista Livre.

ulf-logo
A Universidade Livre Feminista é um espaço de estudo, reflexão, construção de conhecimento, debates e luta por direitos das mulheres. Nosso objetivo é fortalecer o feminismo e a luta por uma sociedade pós-capitalista e pós-patriarcal, somos radicalmente contra o racismo, contra todo tipo de lesbofobia.

No Brasil, 16% dos homens já agrediram a companheira, diz pesquisa

Do UOL, em São Paulo

  • Arte UOL
    Arte violência contra a mulher pesquisa Avon Arte violência contra a mulher pesquisa Avon
Quase um sexto da população masculina brasileira com mais de 16 anos – cerca de 8,8 milhões de pessoas – admitiu já ter agredido sua companheira, atual ou ex, e 12% já foram violentos com sua parceira atual. Os dados são da pesquisa Percepções dos homens sobre a violência doméstica contra a mulher, encomendado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo federal, divulgada nesta sexta-feira (29). O levantamento, feito pelo instituto Data Popular ouviu 1.500 pessoas de 50 municípios em todas as regiões do país.
As agressões mais comuns são os xingamentos (53%), seguidos por empurrões (19%), agressões com socos e tapas (12%) e ameaças (9%).

O levantamento mostra que, apesar de 16% admitirem ter sido violentos, 41% conhecem um homem que já agrediu a parceira.
Ampliar

Homens usam salto alto para combater violência contra a mulher10 fotos

1 / 10
2.abr.2011 - Homens posam de salto alto durante manifestação em Hampton, Virgínia, EUA Leia mais Walk a Mile in Her Shoes

Agressores apanharam dos pais

De acordo com a pesquisa, 81% dos homens agressores que participaram do levantamento apanharam do pai, da mãe ou de algum outro adulto quando eram crianças, enquanto que quando levados em conta os homens não agressores esse número cai para 68%

Lei Maria da Penha

A Lei Maria da Penha, que cria serviços de atendimento e pra mulheres vítimas de violência doméstica  e tipifica essas agressões como crime, é vista por 36%  dos homens ouvidos na pesquisa como responsável pelo aumento do desrespeito das mulheres com os homens.
A pesquisa foi feita pelo Instituto Avon – empresa do ramo dos cosméticos que tem parceria com a secretaria desde 2008 – e  o Data Popular.
Joomla Templates and Joomla Extensions by JoomlaVision.Com

Homens classificados como de classe alta praticam mais violência contra a mulher .

Homens classificados como de classe alta praticam mais violência contra a mulher que os das classes média e baixa, diz pesquisa do Instituto Data Popular
Size_80_marco-prates , de 
Antonio Scorza/AFP
<
São Paulo – Mais da metade dos homens brasileiros, 56%, admitem ter tomado em algum momento atitudes que caracterizam violência contra a mulher, mostra uma pesquisa do Instituto Data Popular divulgada hoje. Esse número, porém, é maior para homens da chamada classe alta (59%) que da baixa (53%).
Na classe média, 55% responderam ter praticado alguma forma de violência. O tipo mais comum foi xingamento (veja tabela detalhada abaixo). No total, 52 milhões de brasileiros, mais de um quarto da população, conhece algum homem que agrediu a parceira de alguma forma.
Segundo o Data Popular, que fez a pesquisa em parceria com o Instituto Avon, 86% dos homens acham que a Lei Maria da Penha ajuda a diminuir a violência doméstica, embora 81% afirmem que a mesmalegislação deveria ser usada também para proteger homens agredidos pelas companheiras.
Isso, na visão do estudo, mostra que a maior parte não entende que a lei foi feita para reduzir a desigualdade de gênero.
O mesmo levantamento detecta certos comportamentos de “machão” nos entrevistados do sexo masculino: 30% deles concordam, por exemplo, que homem não deve levar desaforo para casa.
Além disso, 69% disseram ser inaceitável que uma mulher saia com amigos(as) sem o marido, e 85% não acham aceitável que elas fiquem bêbadas.
Veja abaixo os tipos de agressão detectados na pesquisa e sua incidência. Foram entrevistados, em domicílio, 1.500 pessoas, 990 delas homens, em 50 munícipios das 5 regiões do Brasil.
PráticaQuantos homens admitiram comportamento (com atual ou ex)
Xingou59%
Empurrou19%
Ameaçou com palavras9%
Deu um tapa8%
Impediu de sair de casa7%
Arremessou algum objeto durante briga6%
Humilhou em público5%
Deu um soco4%
Obrigou a fazer sexo sem vontade2%
Ameaçou com alguma arma1%