quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Os países que garantem a presença feminina nos espaços de poder e de decisão registram que a gestão delas tende a contribuir para o progresso dos direitos das mulheres. Um caso emblemático é o de Ruanda, em que 56,3% do parlamento é formado por mulheres. As ruandesas entraram na vida política principalmente após o genocídio de 1994, que vitimou cerca de 500 mil pessoas, em sua maioria homens. A reconstrução do país esteve nas mãos de mulheres e meninas negras e, a partir daquele momento, elas passaram a conquistar direitos que até então lhes eram negados, como serem proprietárias de terra e terem direito à herança.As condições que levaram as mulheres de Ruanda ao poder são trágicas. Mas os resultados gerados pelo poder conferido às mulheres e sua representação servem de modelo para todo o mundo. A ONU Mulheres tem contribuído para que mulheres negras e indígenas consigam alcançar espaços de negociação e poder, apoiando iniciativas que promovam o debate sobre os temas de interesse dessas mulheres. Isto é o que você confere na notícia Maioria entre os mais pobres, mulheres estão no foco da política de combate à pobreza. Em agosto, a ONU Mulheres, por meio do Programa Regional Gênero, Raça Etnia e Pobreza, participou da audiência pública, realizada na Câmara dos Deputados, sobre os impactos das políticas de combate à pobreza na vida das mulheres brasileiras. A reunião trouxe a necessidade dos recortes de gênero e raça no programa Bolsa Família do governo federal, que pretende tirar 16 milhões de brasileiros e brasileiras da miséria.

domingo, 18 de setembro de 2011

São vinte e quatro anos de história e luta das mulheres da Zona Leste

São vinte e quatro anos  de história e luta das mulheres da Zona Leste que começou nas Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, participando dos movimentos: creche, saúde, moradia, luta contra carestia dentre outros.
Ö- Em 2001 a AMZOL recebe o Prêmio Betinho de Cidadania e Democracia, organizado pela Câmara Municipal de São Paulo, onde das 74 ONGs inscritas a AMZOL foi contemplada entre as três entidades que melhor prestou serviços de atendimento às mulheres em 2000.
Ö- Em 2002 Participa do Fórum Social Mundial (Porto Alegre), onde realiza Oficinas de Formação de Mulheres com os temas da Auto-estima, Saúde da Mente. Recebeu o apoio da Organização AMA – (CMC) – MENSEN MET.EEN. MISSIE
Ö - Em 2003 a AMZOL foi homenageada com a estatueta da Organização Católica Pelo Direito a Decidir;
Ö - Em 2004 participa novamente do Fórum Social Mundial em Porto Alegre.  Neste mesmo ano atende em sua sede, 300 mulheres no atendimento jurídico, através do Convênio com a Procuradoria Geral do Estado de São Paulo.
Ö - Em 2005 membros fundadores da entidade, são homenageadas pela Rede mulher de Educação em sua comemoração de Vinte e Cincos Anosos. (homenagem póstuma a companheira Humores Ferreira Dias, primeira secretaria executiva da AMZOL).
-         Realiza o Seminário Violência Gênero e Políticas Públicas no município de Poá – Grande São Paulo em comemoração aos dezoito anos de AMZOL.
-         Participara do 10º Encontro Latino-Americano e do Caribe no município de Serra Negra/SP;
-         A AMZOL presta uma entrevista ao Jornal AGORA relatando sua trajetória no movimento de mulheres.
-         Realiza curso de Geração de Renda para 40 mulheres com apoio do Funda Ângela Borba.
Ö - Em 2006 capacita 400 mulheres e m capacitação empresarial e Geração de Renda com o apoio do SEBRAE e no Projeto SEBRAE Na Rua em parceria coma Subprefeitura do Itaim Paulista.
-         Participa do Curso de Ativo de Mulheres pela Rede Mulher de Educação;
-         Realiza o curso de bonecas afro- descendentes.
-         Convidada a participar da entrega do Premio Mulher Empreendedora do SEBRAE.
Ö- Em 2007 a AMZOL participa do Seminário Violência Doméstico-foco Lei Maria da Penha – SENAC /Itaquera.
-         Homenagem da REDSOL-...... A todas as mulheres que fazem a diferença no Itaim Paulista.
-         Em 2009    Maria  Miguel    e formação  de  70  mulheres  em cursos  profissionalizantes   de  geração de  Renda;Parceria  com ONG  Oxigênio ,organização  do  Evento AMZOL DE CARA NA RUA  Parceria  com  alunos  da  UNISANTANA  mês  de  Dezembro.
-         Em  2010 2º Premio  Maria  Miguel    e  formação  de  50  mulheres  nos  cursos   de  Eletricistas  e pintura em gesso

A Terra se defende: faz diminuir o crescimento

A Terra se defende: faz diminuir o crescimento
16/9/2011 10:26, Por Leonardo Boff

Hoje é vastamente aceita e entrou já nos manuais de ecologia mais recentes (cf.R. Barbault, Ecologia Geral, Vozes 2011) a ideia de que a Terra é viva. Primeiramente, ela foi proposta pelo geoquímico russo W. Vernadsky na década de 1920 e retomada, nos anos de 1970, com mais profundidade por J. Lovelock e entre nós por J. Lutzenberger, chamando-a de Gaia. Com isso se quer significar que a Terra é um gigantesco superorganismo que se autorregula, fazendo com que todos os seres se interconectem e cooperem entre si. Nada está à parte, pois tudo é expressão da vida de Gaia, inclusive as sociedades humanas, seus projetos culturais e suas formas de produção e consumo. Ao gerar o ser humano, consciente e livre, a própria Gaia se pôs em risco. Ele é chamado a viver em harmonia com ela mas pode também o romper o laço de pertença. Ela é tolerante, mas quando a ruptura se torna danosa para o todo, ela nos dá amargas lições.

Todos estão lamentando o baixo crescimento mundial, especialmente nos países centrais. As razões aduzidas são múltiplas. Mas para uma visão da ecologia radical, não se deveria excluir a interpretação de que tal fato resulte de uma reação da própria Terra face à excessiva exploração pelo sistema produtivista e consumista que tomou conta do mundo. Ele levou tão longe a agressão ao sistema-Terra a ponto de, como afirmam alguns cientistas, inauguramos uma nova era geológica: o antropoceno, o ser humano como uma força geológica destrutiva, acelerando a sexta extinção em massa que já há milênios está em curso. Gaia estaria se defendendo, debilitando as condições do arraigado mito de todas as sociedades atuais, inclusive a do Brasil: do crescimento, o maior possível, com consumo ilimitado.
Já em 1972 o Clube de Roma se dava conta dos limites do crescimento, este não sendo mais suportável pela Terra. Ela precisa de um ano e meio para repor o que extraímos dela num ano. Portanto, o crescimento é hostil à vida e fere a resiliência da Mãe Terra. Mas não sabemos nem queremos interpretar os sinais que ela nos dá. Queremos continuar a crescer mais e mais e, consequentemente, a consumir à tripa forra. O relatório “Perspectivas Econômicas Mundiais” do FMI, prevê para 2012 um crescimento mundial de 4,3%. Vale dizer, vamos tirar mais riquezas da Terra, desequilibrando-a como se mostra pelo aquecimento global.

A “Avaliação Sistêmica do Milênio” realizada entre 2001 e 2005 pela ONU, ao constatar a degradação dos principais itens que sustentam a vida advertiu: ou mudamos de rota ou pomos em risco o futuro de nossa civilização.

A crise econômico-financeira de 2008 e retornada agora em 2011 refuta o mito do crescimento. Há uma cegueira generalizada que não poupa sequer os 17 Nobeis da economia, como se viu recentemente no seu encontro no lago Lindau no sul da Alemanha. À exceção de J. Stiglitz, todos eram concordes em sustentar que o marco teórico da atual economia não teve nenhuma responsabilidade pela crise atual (Página 12, B. Aires, 28/08/2011). Por isso, ingenuamente postularam seguir a mesma rota de crescimento, com correções, sem se dar conta de que estão sendo maus conselheiros.

Mas importa reconhecer um dilema de difícil solução: há regiões do planeta que precisam crescer para atender demandas de pobres, obviamente, cuidando da natureza e evitando a incorporação da cultura do consumismo; e outras regiões já superdesenvolvidas precisam ser solidárias com as pobres, controlar seu crescimento, tomar apenas o que é natural e renovável, restaurar o que devastaram e devolver mais do que retiraram para que as futuras gerações também possam viver com dignidade, junto com a comunidade de vida.

A redução atual do crescimento representaria uma reação sábia da própria Terra que nos passa este recado: “parem com a idéia tresloucada de um crescimento ilimitado, pois ele é como um câncer que vai comendo todas as células sãs; busquem o desenvolvimento humano, dos bens intangíveis que, este sim, pode crescer sem limites como o amor, o cuidado, a solidariedade, a compaixão, a criação artística e espiritual”.

Não incorro em erro na crença de que está havendo ouvidos atentos para essa mensagem e que faremos a travessia ansiada.

Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor