quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

CIDADANIA SE CONSTROE COM IGUALDADE.

MULHERES NAS RUAS: CIDADANIA SE CONSTROI COM IGUALDADE
A cidade de São Paulo, como a maioria das grandes cidades brasileiras, é organizada e planejada com uma visão de desenvolvimento em que predomina a lógica capitalista de circulação de mercadorias e facilidades para a reprodução do capital. Os interesses privados prevalecem em detrimento dos interesses públicos e, atualmente, a cidade está marcada pela especulação imobiliária e pela segregação da população de baixa renda.
A divisão entre o público e o privado e a manutenção da divisão sexual do trabalho ainda é uma das marcas mais resistentes na construção das desigualdades entre homens e mulheres na cidade. Além disso, a vida na cidade não é somente vivida de forma desigual em função do gênero, mas também em função da renda e raça/etnia. Segundo o último censo de 2010, as mulheres aumentaram sua participação no emprego formal para 43%, embora os homens continuem sendo a maioria em todos os setores da economia. Os salários das mulheres ainda são menores do que os dos homens e as mulheres negras ainda continuam no nível mais baixo da escala de salários.
As mulheres são a maioria das pessoas em São Paulo (52,7%) e são as principais responsáveis pelo trabalho de reprodução da vida. A jornada semanal média de trabalho doméstico das brasileiras é de 29h21min. A jornada de trabalho declarada pelos homens é de 8h46min (ou 6h15min, segundo relato das mulheres). Podemos afirmar que as mulheres ocupam maior parte do tempo trabalhando, seja no mercado ou na casa, falta tempo para o lazer, para o estudo ou para ocupar-se de si. São elas as principais preocupadas pela manutenção da casa, comida, do cuidado com as crianças e idosos, e da produção cotidiana do viver dos homens que atuam no espaço público da cidade. Exatamente por isso, são as mais afetadas pela precariedade dos serviços públicos como saúde, falta de creche, asfaltamento, saneamento básico, água, iluminação pública, transporte e outras políticas de lazer e cultura, o que gera uma sobrecarga de trabalho para as mulheres.
O planejamento urbano da cidade deve ter uma preocupação central com as mulheres, que são a maioria da população. Outro aspecto significante é a
segregação por cor/raça. As mulheres negras estão nas regiões mais distantes em relação ao centro e em regiões onde a infra-estrutura é mais deficiente. Por outro lado, nas regiões centrais se concentra maior número de pessoas idosas.
Pensar a qualidade de vida e bem estar das mulheres não é possível sem superarmos as condições estruturais que facilitam, naturalizam e reproduzem a violência contra a mulher, seja a violência doméstica, sexual, assédios e todas as formas que discriminam, subordinam, coagem, impedem o ir e vir e controlam o comportamento das mulheres. Os ônibus e metrôs lotados facilitam o assédio sexual, estupros e roubos. As ruas mal iluminadas, os terrenos baldios, as estações de metrô e trem sem segurança e os ponto de ônibus em lugares afastados provocam medo e facilitam a violência sexual.
Por isso, precisamos de uma cidade que proporcione qualidade de vida e bem estar também para as mulheres, com serviços públicos humanizados gratuitos para tod@s, segurança e mobilidade, com calçadas amplas e sem buracos, transporte público de qualidade 24h, política de ciclovias, mais iluminação nas ruas, eficiência nos serviços de saúde e maior vigilância do poder público com a violência contra as mulheres: implementação da Lei Maria da Penha e outras medidas de coerção à violência praticada contra mulheres nos espaços públicos e privados.
Participe nas audiências do plano diretor na sua subprefeitura, mulher que participa decide os rumos da cidade. Somente com uma cidade inclusiva, que proporcione a igualdade entre as cidadãs e cidadãos construiremos a verdadeira cidadania. Para que também as mulheres possam usufruir do direito que têm de ir e vir e o direito que tem à própria cidade!
Marcha Mundial das Mulheres – Marchamulheres@sof.org.br
UBM-Uniao Brasileira de mulheres-ubm@uol.com.br
CMB-Confederaçao das Mulheres do Brasil- presidenciacmb@terra.com.br
MOSCA-Movimento Social Cidadania Ativa